ABC Postural

Quem me acompanha pelas redes sociais, principalmente o Instagram, já deve ter visto que recentemente eu descobri que Camila estava com desequilíbrios musculares (pouca flexibilidade) e está tendo que fazer um tratamento acompanhado por fisioterapeuta. Estes problemas foram causados por má postura e por ela ter o hábito na infância de andar na ponta dos pés. E mesmo após o tratamento, ela precisará se policiar quanto aos hábitos posturais, para não regredir. Por saber que isto acontece com muita frequência e muitas vezes nós pais, por não termos conhecimento, ignoramos a real importância destes cuidados e tratamentos, resolvi trazer umas dicas, que considero valiosas, sobre este tema e nada melhor do que as fisioterapeutas que confio e sei das capacitações, por isso pedi ajuda à Andrea e Andrezza Palmeira, da Clínica Movida.  E elas gentilmente me passaram uma “cartilha postural” que irei compartilhar com vocês.

 

Quase sempre podemos ver alunos mal posicionados nas carteiras escolares, com seus corpos soltos, escorregando as pernas para frente a fim de apoiar a cabeça no encosto da carteira. O hábito de ficar sentado de qualquer jeito, sem uma postura adequada para a coluna vertebral, faz com que as pessoas sintam fortes dores nas costas, na nuca e no pescoço e, muitas vezes, nos braços. Maus hábitos posturais durante a fase escolar podem provocar ou agravar problemas de saúde nas crianças e adolescentes. Entre os principais vilões deste mal estão o posicionamento errado nas cadeiras e o peso das mochilas. Para evitar complicações no futuro, como a escoliose e a hipercifose, é primordial que os pais observem seus filhos e corrijam vícios que ocorrem dentro e fora da escola.

 

Pelo fato das crianças estarem em desenvolvimento, suas estruturas ósseas, ligamentares e musculares ainda estão em formação. Por isso, toda postura inadequada ao sentar, dormir, andar e praticar atividades físicas é capaz de provocar alterações, podendo, com o tempo, passar de uma simples compensação para uma deformidade.

 

É preciso entender que o processo de desenvolvimento não ocorre apenas na coluna, mas no corpo como um todo. Sendo assim, sem as cautelas necessárias, corre-se o risco de surgirem alterações em todo complexo musculoesquelético. A atenção deve iniciar a partir do momento que a criança fica em pé, aumentar no início de sua vida escolar, dos cinco aos seis anos, e ser mantida até o final do crescimento, em média, dos 17 aos 18 anos”.

 

1. Postura em sala de aula: Pais e professores precisam prestar atenção em fatores que promovem posturas inadequadas, como alterações visuais, auditivas e psicológicas. Nas alterações visual e auditiva o aluno assume posturas para compensar esses problemas, desta forma, ele acaba se posicionando de forma errada na cadeira, o que facilita o aparecimento da escoliose (desvio lateral da coluna). Crianças muito tímidas, geralmente, assumem posturas chamadas de fechamento, o que pode gerar a hipercifose (aumento da curvatura da região dorsal). Portanto, fique atento, pois a maneira correta de permanecer nas cadeiras é sentar sobre o osso isquio (debaixo do glúteo), manter as costas retas e próximas ao encosto e ter os pés apoiados no chão.

 

2. Lição de casa: O estudo em casa também requer cuidados. É preciso evitar que a criança passe muito tempo utilizando o computador para não ocorrerem complicações posturais. A posição correta ao utilizá-lo é semelhante a que deve ser adotada em sala de aula: sentar sobre o osso isquio (debaixo do glúteo), ter os materiais próximos, encostar a coluna na cadeira, ter os pés apoiados em uma superfície em forma de cunha no chão e manter os membros superiores sobre algum dispositivo na cadeira. É necessário que a tela do computador esteja em uma altura compatível aos olhos.

 

3. Mochila: O excesso de peso das mochilas compromete o equilíbrio postural e, se a criança ainda adotar uma postura errada, mais problemas podem aparecer. O mínimo de peso deve ser carregado por crianças para não alterar o processo de desenvolvimento musculoesquelético. Para tanto, incentive levar os livros e cadernos que serão utilizados apenas no dia e verifique se o peso está equilibrado, sem sobrecargas em apenas um lado, o que também é prejudicial. Na hora de escolher a mochila, procure modelos adequados ao tamanho da criança e com formas simétricas, ou seja, que possuem duas alças e encosto maleável, permitindo que o peso seja transportado de maneira equilibrada.

 

4. Fique de olho: As alterações nas estruturas ósseas, ligamentares e musculares ocorrem de forma silenciosa, por isso, a dica é observar: algumas crianças podem relatar desconforto na coluna, porém, é importante também ficar atento em relação ao seu alinhamento corporal. Algumas sugestões são: deixar a criança sem camisa para verificar se há alterações, como um ombro mais alto do que outro, e checar qual é a maneira adotada ao sentar.

 

5. Pés no chão: Em momentos apropriados é interessante incentivar a criança a andar descalça sobre areia ou grama. Este é um meio de estimular a propriocepção do pé, capacidade em identificar e perceber seus movimentos articulares no espaço, que auxilia no desenvolvimento adequado da criança, em relação à postura.

 

A infância e a adolescência são dois períodos da vida em que nos deparamos com inúmeras descobertas a respeito do mundo e de nós mesmos. Nestas fases as crianças e os adolescentes passam por uma série de alterações psicológicas, afetivas, sociais e físicas. As alterações posturais relacionadas às posturas inadequadas são distúrbios anátomo-fisiológicos que se manifestam geralmente na fase da adolescência e pré-adolescência.

 

É nesse período de pico de crescimento que a coluna vertebral se desenvolve com maior rapidez, provocando, algumas vezes, um crescimento desigual das vértebras ou um desenvolvimento desequilibrado da musculatura dorsal. Tendo essas desigualdades e descompensações se instalando no indivíduo, a chance de alterações da curvatura do tipo escoliose provavelmente vai surgir.

 

Sinais que podem denunciar problemas são: um ombro mais alto do que o outro, o ângulo da cintura mais fecha do que o do outro lado, elevações nas costas ao inclinar o tronco à frente ou roupas desalinhadas. Uniformidade nos tamanhos e modelos das carteiras em uma mesma escola, para deixar os ambientes mais harmoniosos e bem decorados. Pelo contrário, as carteiras devem estar de acordo com o tamanho da faixa etária dos alunos, permitindo que seus pés toquem por completo ao chão, estando com a coluna apoiada no encosto da mesma e os braços possam ficar apoiados na altura normal, sem estar alto ou baixo demais. Se a criança fica mal sentada, com a coluna torta, o corpo mal disposto sobre a carteira, poderá criar vícios de postura que prejudicam sua saúde por toda a vida.

 

Muitas vezes vemos os alunos queixando-se de um excesso de cansaço e preguiça inexplicáveis para a idade em que se encontram, o que pode ser uma das grandes causas da má postura na escola. Se a escola perceber que o aluno apresenta sérios problemas posturais, poderá indicar para a família do mesmo um especialista para amenizar o problema. Existem profissionais fisioterapeutas que trabalham com os exercícios que ajudam a correção da postura, como o de RPG – Reeducação Postural Global, que utiliza posições corporais básicas de alongamento para corrigir a postura do paciente e eliminar suas dores, assim como atividades físicas que beneficiam a correção postural e educam para vida como, por exemplo, o pilates e alongamentos posturais bem orientados.

 

Quem gostou das dicas, pode deixar comentários ou outras dúvidas aqui e pode também seguir as fisioterapeutas nas redes sociais através da clínica: Facebook: clinicamovida e no Instagram @clinicamovida

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  1. Excelente post. É muito importante cuidar da postura desde sempre. O peso das mochilas tem sido absurdo. Já fiz um post no blog com dicas p reduzir o peso e como usar a mochila.
    Beijos
    Chris

  2. Muito bom compartilhar do assunto porque com certeza ajudará outras famílias.
    Essa época escolar penso que é a mais crítica por conta da má postura nas carteiras e o excesso de material.
    Adorei as dicas.
    Bom demais ter uma parceria dessa para esclarecer o assunto.
    Bjs
    Ju

  3. Amei o assunto do post, Rê! Minha mãe sempre foi chata com a minha postura e percebo que isso é mesmo importante!

  4. Acho mais fácil ajudar meu filho a manter a postura correta do que eu me policiar pra manter a minha certinha. Só de ler o título eu já tive de me ajeitar aqui hahahahaha

  5. Caramba, a gente aprende uma preocupação nova para ter com os filhos a cada dia, né!? Pior que meu irmão andava nas pontas dos pés e demorou para melhorar isso. Espero que sua filha consiga não regredir ao problema e obrigado pelo post, vou policiar meus filhos quanto a isso.

  6. Estava estudando com o meu filho mais velho na semana passada ciências. A matéria era esqueleto humano e abordavam esse assunto. Sentar direito, carregar objetos etc.

    O seu post foi bem pertinente e li para ele. Ele adorou e certamente terá uma coluna melhor que a minha 🙂