Ciúmes entre irmãos

 

Gente, que alegria estar aqui com vocês, abrindo esse primeiro post da parceria entre o Bases Cognitivas e o Dicas Miúdas. A gente já chegou se sentindo em casa, super bem recebidas, cheias de ideias e de coração aberto para as sugestões de vocês. É com muito carinho que estamos pensando em temas pra escrever, e o de hoje é um tema que nenhum pai ou mãe de duas ou mais crianças escapa: os ciúmes entre os filhos.

 

A situação todo mundo conhece: por uma boa parte da infância, podendo entrar pela adolescência e até mesmo pela vida adulta, os irmãos trocam provocações, xingam, batem, dão birra quando os pais dão atenção ao outro, acusam os pais de preferir ou proteger o outro filho, ficam contentes quando o outro está de castigo… Tudo isso quase diariamente. Difícil de lidar. Mas vocês sabiam que esses comportamentos de rivalidade tem um lado muito positivo?

 

Muito se fala na influência que os pais têm na vida dos filhos, mas às vezes se deixa um pouco de lado a influência que os irmãos têm na vida um do outro, e eles são responsáveis por nos ajudar em aprendizados importantes. Como são os nossos “pares”, ou seja, pessoas mais ou menos da mesma idade, o relacionamento é muito diferente do relacionamento da criança com o adulto. Enquanto o adulto é mais compreensivo, cede mais, e está numa posição hierarquicamente superior, os irmãos estão em pé de igualdade. Essas rivalidades dão a eles amplas oportunidades de aprender a negociar (em vez de ter que acatar ordens do adulto) e encontrar soluções alternativas e satisfatórias para ambas as partes, de aprender a argumentar, e de aprender a brigar. Sim, porque brigar também se aprende, há formas aceitáveis e inaceitáveis de se brigar, e é brigando que as crianças vão desenvolver o autocontrole e a regulação de suas emoções. Também é na rivalidade com os irmãos que a criança vai estabelecendo sua personalidade, às vezes até para antagonizar o outro, tipo “ele é o inteligente, eu vou ser o engraçado”.

 

Mas alguns cuidados os pais precisam ter, pra não estimular esses ciúmes ao ponto de deixar de ser saudável e até prejudicar o vínculo afetivo entre os filhos.

 

1) Evite comparações. Elas soam como cobranças. Sejam ditas ou demonstradas nos comportamentos, as comparações fazem com que alguém se sinta perdendo ou incapaz. Isso fere a autoestima e gera mágoa, principalmente voltada para a pessoa com quem se está sendo comparado.

 

2) Reconheça, elogie e estimule as qualidades e habilidades de cada um. Mostre em atitudes e palavras que valoriza a individualidade de cada filho. Eles se sentirão validados e amados.

 

3) Porém, evite rótulos, mesmo os positivos. Deixar que eles experimentem papéis é bem diferente de engessá-los neles. Quando você diz que seu filho mais velho é “o organizado”, o seu mais novo entende que não há espaço para que ele seja organizado também.

 

4) Não interfira nas brigas, ou interfira apenas quando for estritamente necessário. Assim você dá a eles a oportunidade de se entenderem. Se precisar mediar as discussões, não dê sua opinião prontamente: espere, escute, faça com que eles escutem um ao outro, pergunte as sugestões deles para resolver o conflito.

 

5) Ajude-os a aprender a brigar. Deixe claro o que é permitido ou não, porque até nas brigas é preciso ter regras.

 

6) Quando sugerir soluções, faça de um jeito que os incentive a trabalhar em conjunto. Por exemplo, se estão brigando para ver quem fica com o maior pedaço do bolo, diga que um vai cortar as fatias e o outro vai escolher qual pedaço, já cortado, quer. É tiro e queda.

 

7) Estimule momentos em família, para que todos, pais e filhos, se divirtam juntos e fortaleçam vínculos uns com os outros. Não vale assistir televisão juntos, tem que interagir. Sei que o tempo é curto, o corre-corre é grande, mas se for preciso agende esses momentos e trate como um compromisso qualquer.

 

Essas são dicas bem simples, possíveis de seguir. E o que mais tem funcionado na sua família? Tem alguma outra dica a acrescentar? Conta pra gente!

 

Deixe uma resposta para Dicas Miúdas Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O texto está tão bom, que não quis mexer em nadica e resolvi colocar minhas experiências nesta área aqui nos comentários kkkkk

    Tenho duas filhas e uma ainda é bem bebê, mas já posso observar ciúmes da mais velha em algumas situações, principalmente quando todos que antes vinham paparicá-la agora dividem a atenção com a pequena ou então ficam brincando mais com a bebê (que é fofinha, gostosinha…). Ela é muito sensível, mas acima de tudo delicada para fazer birras e magoar alguém. O amor entre elas é lindo, mas é claro que rolou alguns “atritos”. Quando a pequena crescer um pouco mais é que eu poderei opinar melhor sobre este assunto kkkkkk

    E por aí como é o relacionamento entre os irmãos e irmãs??

    • Muito importante fazer com que toda a família participe e trabalhe junta Letícia! Não adianta só a mãe educar e agir de uma forma se o pai ou os avós trabalham na de forma diferente, termina confundindo ainda mais a cabecinha das crianças!

      E no seu caso, que são gêmeos, deve ser ainda mais complicado!!!

  2. Adorei o texto. Ótimas dicas! Aqui em casa é um terror! Tenho dois anjinhos: Gabriel (4 anos) e Arthur (7anos). Brigam o tempo inteiro por tudo e geralmente acabam um batendo no outro. Fico desesperada, não sei como resolver. Fico perdida. Na maioria das vezes perco a paciência e acabo gritando com os dois e separo (totalmente errado não é?!) Com certeza as dicas de Luciana irão ajudar. Parabéns Regina pela iniciativa e parabéns Luciana pelo texto! Adorei!

    • Pois é Joelma, às vezes é difícil manter a calma quando “o bicho pega” entre os pequenos… A teoria é muito bonita e parece fácil, sabemos tudo o que devemos fazer, mas na prática, muitas vezes perdemos a cabeça…

      Mas temos realmente que respirar fundo antes de nos envolvermos com estes problemas, para agir sempre da forma correta e ser imparcial. E tentar fazer o correto, para que os nossos pequenos não percebam o nosso “descontrole” a se aproveite disso para conseguir o que querem ou até mesmo ficarem nos testando e provocando!!!