Incentivo à infância bem vivida!

Domingo passado eu participei de uma entrevista para uma matéria da jornalista Carolina Leão, do jornal Folha de Pernambuco. Primeiramente gostaria de ressaltar a minha alegria em ter sido chamada para participar, afinal o motivo da minha escolha se deu pelo fato de acreditarem que eu como mãe incentivo realmente o ato de brincar (na simplicidade e pureza da sua essência) e principalmente o hábito da leitura, sem dar tanta ênfase ao uso de brinquedos e jogos eletrônicos. E também por terem confirmado isto através dos meus relatos e vivências aqui no blog, local onde tento ser o mais verdadeira possível, por isso fico muito feliz quando as pessoas veem a minha verdade.

 

E a felicidade se completou quando eu li a matéria, que ficou excelente e vi que além de mim tinham pessoas muito queridas e especiais deste universo infantil e eu estar junto deles numa mesma entrevista é uma honra…

 

 

Mas vamos ao texto, ou pelo menos parte dele… Quem quiser ler o texto na íntegra deverá acessar o link no final do post, no caderno de Cotidiano – página 12 .

 

De volta às brincadeiras e brinquedos tradicionais

por Carolina Leão

 

Antes de nascer, Camila Dias, de 6 anos, já tinha uma biblioteca. “fez parte do enxoval! contou a mãe, Regina Dias. Antes de dormir, ela e a irmã, a pequena Manuela, de 1 ano, ouvem histórias contadas por Regina. Os passeios incluem livrarias, espetáculos teatrais e contação de história.  Na casa desta família, tablets não são protagonistas. Salvo em ocasiões especiais, a mãe deixa Camila utilizar o equipamento. No tempo livre as duas brincam juntas, com atividades manuais e desenhos. “Estamos fazendo uma festa de Halloween, ela participa de tudo. Quando vamos a um aniversário, fazemos cartões. Hoje, ela diz que eles são mais importantes do que os presentes, pois foram feitos por ela.” disse Regina.

 

Camila faz parte da geração Touch Screen, aquela que já cresce baixando aplicativos e brincando com os aparelhos eletrônicos portáteis. No entanto, a própria geração Touch Screen, tem provocado uma volta de brincadeiras e brinquedos populares, que estimulam de forma lúdica e criativa a imaginação e sociabilidade. Os livros com pop up, isto é, recursos interativos, também integram uma linha comercial na qual os reflexos e os recursos cognitivos se relacionam à descoberta do fantástico universo da criança e seu próprio corpo explorando sensações, sons e texturas.

 

Escritor, ilustrador ator e palhaço Luciano Pontes, do grupo Doutores da Alegria, diz que sempre teve dificuldade com brinquedos “solitários”, como os automotivos, em que a interação é substituída pela observação, muitas vezes passiva, da criança. “Como artista, vejo nas brincadeiras populares uma interação maior entre a criança e o brinquedo.” Ele conta, por exemplo, a experiência do doutores da alegria com menores hospitalizados. “Em todos os jogos em que há uma interação com o movimento, elas se divertem muito mais. Quando há essa interação física, o envolvimento no jogo é muito maior, mesmo que a criança tenha dificuldade por conta de problemas de mobilidade ou qeuipamentos que a impeça de andar…

 

Atriz, poeta e contadora de história, Mariane Bigio trabalha com brincadeiras populares e cantigas, em seu espetáculo e destaca que este dinamismo provoca diversos tipos de aprendizados, como a reflexão, a imaginação, o compartilhamento e o respeito ao outro.  “A brincadeira é a matéria-prima da infância.”…

 

Já o arquiteto Silvanio Santana, virou empreendedor depois do primeiro filho, quando percebeu a pouca opções de jogos interativos e educativos para crianças. Há 4 anos criou a Zepelim, onde comercializa brinquedos e jogos, com destaque para os comercializados em madeira…

 

Crianças aprendem imitando os pais. Nada mais natural para elas do que procurar diversão nos aparelhos eletrônicos, assim como fazem os adultos, hoje, dependentes das mídias digitais… Livros, cantigas, brincadeiras e brinquedos que estimulam a criatividade de forma simples podem ser aliados dos pais no processo de amadurecimento da criança.

 

A psicopedagoga Fátima Lucas, do Colégio Construindo, esclarece que o aumento do número de crianças que adotam o hábito dos eletrônicos como lazer vem como consequência de uma nova adaptação da família ao pouco tempo que lhe resta para as brincadeiras coletivas…. Para ela, o desafio está no controle do tempo empregado da criança em brincadeiras eletrônicas, que podem provocar sedentarismo e dificuldade em vivenciar a sociabilidade de forma mais plena. A psicopedagoga  indica o compartilhamento dos jogos como peças de montar ou mesmo um passeio no parque como uma forma da família se aproximar também afetivamente…

 

Uma hitória sem pé nem cabeça

Que tal uma leitura diferente? Este livro inicialmente chamou a minha atenção só pelo fato de ter sido escrito e ilustrado por duas pessoas que fazem um lindo trabalho, Luciano Pontes (que é escritor, ator (da Cia Meias Palavras) e palhaço do programa Doutores da Alegria, preciso dizer mais alguma coisa?) e André Neves (ilustrador e escritor premiado, suas histórias me tocam profundamente e o mais importante nos levam a reflexões e seus desenhos possuem um traço e personalidade que já é referência marcante aqui em casa)! Mas é claro que isto não é bastante para que o livro seja bom!

 

Uma história sem pé nem cabeça é um livro leve e divertido, que faz com que possamos colocar as crianças para refletirem sobre o ato de escrever… “Para que serve uma história?” para muitas coisas… É uma forma de tornar o ato de escrever simples e acessível para todos, afinal você não precisa escrever dentro de nenhum “molde preestabelecido” você pode escrever simplesmente “uma história sem pé nem cabeça” e ela ser muito boa! E quando a ilustração casa perfeitamente, e texto e imagem se completam, se confundem? A sintonia é tanta que parece que foi feito tudo junto e misturado, sem pé nem cabeça, mas com muito coração e sentido. Muito bom!!!!

 

Não vou falar mais nada, quero que vocês leiam, se encantem e espalhem leitura pelo mundo!!!!  Mas como não consigo ficar quieta vou terminar com um trechinho do livro:

 

“Existe história para tudo no mundo. Há as histórias celestiais, siderais e terrenas. Histórias que saem da cabeça, do pé, da boca e do coração.”

 

 

Sinopse:

Uma história sem pé nem cabeça não tem nada de ‘sem pé nem cabeça’. É uma narrativa muito clara, lúdica, poética, sobre a arte de escrever uma história. Rompe com os paradigmas que estabelecem que uma história deve ter começo, meio e fim; que deve começar com ‘Era uma vez’; que deve ter uma função específica. As histórias simplesmente existem e servem pra encantar, acalentar, ensinar e, sobretudo, pra ‘levar e elevar o leitor’, nas palavras do autor. O texto é enriquecido pela ilustração, que o complementa com perfeição. Luciano Pontes (que mora em Pernambuco) e André Neves (que mora em Porto Alegre) são grandes amigos. Apesar da distância, os dois fizeram juntos este livro, que reflete a sintonia e afinidade entre eles. Quem sai ganhando é o leitor, sendo premiado com um texto inteligente e uma ilustração criativa.

 

Ficha Técnica:

 

Livro: Uma hitória sem pé nem cabeça

Autor: Luciano Pontes

Ilustração: André Neves

Editora: Paulinas

Indicado: para crianças a partir de 6 anos