Mentira infantil

Hoje é comemorado o ‘Dia da Mentira’ e aproveitando o assunto vamos falar um pouco sobre a mentira em nossas vidas, ou melhor na dos nossos filhos.

 

“Meu pai me ensinou a não mentir, mas esqueceu-se de dizer a verdade”, vamos começar dando sempre o exemplo!!

 

Quem aqui nunca deu uma leve mentidinha para seu filho? Ou até mesmo uma grande?! Já mandou ele mentir? Mesmo que seja uma mentirinha inocente, do tipo: dizer ao telefone que você não está em casa, quando não quer atender alguém ou dizer que gostou do presente, só para agradar quem deu… Quem aqui tem filhos com perfil no facebook, mesmo sabendo que eles exigem uma idade mínima, a qual seu filho mentiu… São tantas mentirinhas “do dia-a-dia” que para muita gente nem chega a ser consideradas MENTIRA.

 

Mas será que este tipo de mentira é saudável e não faz mal na formação do caráter das nossas crianças?

 

 

Segundo Dr. Fernando Azevedo, pediatra, a mentira é uma coisa normal na criança pequena entre dois e seis anos e deve ser tratada de forma delicada. O mundo mágico da criança onde ela cria personagens inventa propriedades, conversa com amigos que ninguém vê (o espiritismo considera mediunidade) deve ser tolerado sem maiores preocupações, mas também sem estímulos. Com o tempo acaba. A criança pequena muitas vezes se escuda na mentira para se livrar de violências. “Quem quebrou meu celular?” Se a criança honestamente se acusa e leva uma surra ela prefere mentir e assim se defende e como deu certo ela continuará mentindo. Muitas vezes a convivência com uma sociedade de nível econômico elevado faz com que a criança ou já adolescente minta sobre a sua situação para tentar o alpinismo social. Os pais tem que conversar com delicadeza e reservadamente com a criança que começa a usar a mentira frequentemente. A educação hoje está muito terceirizada, pois os genitores passam o dia fora de casa. Sabe-se pela neurociência que o adulto é a projeção da criança com seis anos de idade dai a necessidade do investimento na educação nesses primeiros anos. É o maior investimento que uma nação e uma família podem fazer para um futuro.

 

Pesquisando mais um pouco encontrei uma evolução da mentira infantil em função da idade das crianças, muito interessante:

 

Até 5 anos – Uma verdade só dela

 

Nos primeiros anos, as mentiras são uma mistura de fantasia e descoberta da independência de pensamento. “A criança gosta de se sentir dona de uma verdade que é só dela. O domínio da linguagem e o pensamento mais articulado permitem inventar histórias mirabolantes, reforçando a percepção de possuir uma consciência autônoma, que ninguém controla. Essas fantasias são um avanço no desenvolvimento mental”, afirma a psicóloga infantil Silvana Rabello, professora da PUC-SP. Outra característica da mentira nessa fase – que dura até 5 ou 6 anos – é a rapidez com que os enredos fantásticos são esquecidos ou substituídos por outros. O objetivo é despertar comoção na platéia ou desviar a atenção de alguma mancada.

Não adianta discursar sobre as implicações sociais e morais dessa atitude. Se o pequeno mentir para esconder um erro, deixe clara sua desaprovação e dê a ele a oportunidade de se arrepender. Mais que sermões e castigos, é essa reflexão que levará à mudança de comportamento. Caso se trate de alguma história fantástica, ouça e não se preocupe – nem ele a leva a sério. Agora, se for uma fantasia de perigo ou de perseguição em que a criança insista, fique atenta. “Fixações desse tipo costumam revelar angústias que ela não consegue traduzir em palavras”, avisa Silvana.

 

Devemos tomar muito cuidado com as estórias contadas pelas crianças. Temos que ficar muito atentos para não sermos injustos com os outros, e temos que tirar a limpo principalmente quando envolvem brigas, confusões… Algumas vezes eles criam a estória e até pegam fatos  reais e se colocam como protagonistas, mesmo nem tendo participado. E em outras vezes para se proteger ou proteger alguém eles omitem ou distorcem os fatos.

 

De 6 a 10 anos – O fim da inocência

 

A partir dos 6 anos, meninos e meninas começam a construir noções de certo e errado e passam a usar a mentira com premeditação. “Enquanto os pequenos mentem para ocultar um erro involuntário e que já aconteceu, os maiores maquinam para atingir um objetivo”, garante Silvana Rabello, psicóloga infantil e professora da PUC-SP.

“A mentira agora já não é gratuita e sempre traz uma compensação para quem a conta, ainda que se trate de algo tão intangível quanto despertar a atenção”, diz Mônica. Descobrir essas motivações pode dar pistas importantes sobre o momento de vida do filho.

Compreender a origem da mentira não significa fazer vista grossa para o filho não se sentir culpado. Se não for pressionado a enxergar o erro e se arrepender, ele pode ficar com a falsa sensação de que a dissimulação é um recurso válido para obter algo. “Com o tempo, essa ausência de implicações leva a uma convicção de impunidade e mina o senso ético”, alerta Silvana.

 

Adolescencia – Atenção, perigo

 

É na adolescência que os efeitos negativos da mentira podem trazer os piores resultados. “O jovem mente com a desenvoltura do adulto e articula as histórias com antecedência, principalmente para fugir de responsabilidades ou contornar regras e proibições. Um caso típico é dizer que vai a determinado lugar e ir para outro, no qual pode até mesmo estar em risco”, avisa Mônica. Mentir para acobertar erros dos amigos também é uma situação frequente nessa fase, e os pais precisam mostrar que, com isso, ele pode se tornar cúmplice de uma situação prejudicial a alguém.

Se você pegou seu filho na mentira: avalie bem a situação. Reflita se não foi um recurso diante de uma postura inflexível em casa. Se a mentira não envolvia consequências mais sérias, toque indiretamente no assunto. Caso perceba situações de risco ou prejudiciais a outras pessoas, abra o jogo e mostre que mentira grave não é a que mais se afasta da verdade, mas a que traz mais consequências negativas.

 

 

Dicas:

1) Jamais peça ao filho que seja cúmplice de uma mentira, mesmo a mais banal, do tipo dizer que você não está quando simplesmente não quer atender o telefone.

 

2) Diante de um assunto que considere embaraçoso ou para o qual não sabe a resposta, não invente histórias – é melhor tergiversar, omitir detalhes ou pesquisar juntos.

 

3) Não valorize a “esperteza” da criança que foge de alguma responsabilidade com uma mentira particularmente brilhante.

 

4) A menos que tenha alguma suspeita de problemas sérios, não vasculhe as coisas do adolescente para não minar o clima de confiança.

 

5) “A questão é colocar para a criança que a mentira pode trazer consequências ruins e explicar que ela não fez uma coisa correta”

 

6) A maioria das mentiras ditas por crianças são para se “livrar” de possíveis reclamações ou castigos, então tente compreender e conversar antes de tomar uma atitude mais drástica. Procure sempre fazer com que a criança confesse a mentira e se redima de alguma forma.

 

7) Vamos ser exemplos e não mentir!

 

Quem quiser ler mais sobre o assunto, confiram a matéria do site www.bebe.com.br