Crianças e Cachorros

 

Diante de tantos movimentos  pela defesa dos cães, que houveram estes dias, venho comparilhar um texto do meu pediatra, Dr. Fernando Azevedo, que vai muito além da preservação da vida dos animais… Fala da importância destes animais, como fonte inclusive de consolo e ajuda no tratamento de enfermos. Só quem tem um animal de estimação poderá entender a força que um animalzinho pode ter para alegrar uma pessoa.

 

“Não estou falando de hospital para cachorro, ou cães, forma mais educada de nomeá-los. Estou falando da importância da recreação e descontração para uma criança internada, os chamados doentes crônicos, de hospitalização prolongada. Nada mais tedioso que uma doença crônica. Cansa o doente, o médico, a enfermagem e a família. É de bom procedimento a troca periódica de toda a equipe, pois pela evolução sem muitas modificações clínicas, muitas vezes a falta de atenção leva a erros de avaliação. A troca periódica de equipes renova o entusiasmo pelo doente. Retirar uma criança das brincadeiras e acamá-la é torturante. Há muitos anos se pensa nisso e faz parte da equipe recreadores, surgiram os doutores da alegria, música em hospitais (faço parte de um grupo que faz isso) enfim uma série de recreações úteis para dar alegria a quem precisa de alegria e esperança. Há muitos anos também hospitais da Europa passaram a permitir que o bichinho de estimação dos pacientes recebesse autorização para visitá-los e o resultado foi fantástico. A criança alegra-se, dorme e come melhor e mantém a chama acesa de sua recuperação. Da mesma forma que existem os cães treinados para os deficientes visuais, forma-se também mais uma equipe de recreadores treinados para visitar seus amigos humanos que estão em dificuldade. Lembro-me bem de meus cães internados. Sou cachorreiro desde menino, pois sempre tive um animalzinho em casa e pra completar casei coma cachorreira muito mais entusiasta que eu e na minha vida de casa tinha no mínimo cinco permanentemente e com as ninhadas que não vendia, chegava às vezes a mais de 20 até eu escolher os adotadores. O cão não pode ter acompanhante quando internado, só visitante, mas era impressionante a alegria deles ao chegarmos e as nossas lágrimas ao sairmos. Há sem dúvida alguma uma interação homem/cão e só quem cria é que sabe bem dessa historia. O Recife precisa criar esse serviço e os médicos e dirigentes hospitalares aceitá-los. Pode ser até uma coisa profissional, cães treinados para esse mister. Já temos um vereador aqui na cidade que se elegeu pelos votos caninos representados pelos seus donos. Pode ser uma tribuna para a causa. Garanto que será uma alegria enorme para todos e a vida precisa desses momentos.”

 

E você o que acha?