O seu bebê é papo de outros adultos?

 

Quando nasce um bebê, nascem uma mãe e um pai. E nascem também avós, avôs, tios, tias e tantos outros parentes bem intencionados e animadíssimos para dar palpites na sua forma de cuidar e educar. O “Papo de Adulto” de hoje é sobre isso.

 

A situação é no mínimo delicada. Cada um parece convencido que sua forma de fazer as coisas é a melhor e deveria ser a única. E agora, papais e mamães, como lidar com tantas opiniões?

 

O passo que considero primordial é assumir de verdade os papéis de pai e mãe. Vocês são os responsáveis e podem até ouvir todo mundo, mas só vocês poderão dar o veredito final. Quanto mais isso estiver claro e bem resolvido na cabeça de vocês, mais fácil (ou menos difícil) vai ser enfrentar as intromissões familiares e colocar limites. Não que isso seja tão simples. Às vezes é preciso até a ajuda de um psicólogo para conseguir a segurança e a coragem necessárias para fazer valer suas novas autoridades materna e paterna. Por exemplo, vivemos diversos papéis, e numa hora em que sua mãe esteja dando uma sugestão da qual você discorda, o papel de “mãe de seu filho” e o papel de “filha da sua mãe” podem entrar em conflito dentro de você, e você fica sem saber como se impor (até porque o lado “filha” tenderá a obedecer e acatar o que sua mãe disser).

 

Aqui entra a segunda dica: nesse processo de assumir os papéis de pai e mãe, unam-se. Conversem bastante entre si e cheguem a acordos comuns. Informação é poder, por isso leiam muito, perguntem muito, e filtrem essas informações de acordo com os valores que querem construir para a família de vocês. Isso requer algumas negociações e muita conversa. Uma vez que consigam se entender sobre o modo como pretendem criar seus filhos, poderão ajudar um ao outro a se manter firmes nas suas convicções. Isso vale inclusive para pais e mães que não estão mais juntos, afinal vocês serão sempre pai e mãe e compartilham a responsabilidade pela criança. No exemplo que dei acima, quando os papéis de mãe e filha estiverem em conflito e for difícil para você sustentar suas opiniões perante sua mãe, o pai do seu filho pode vir em seu socorro. E vice-versa, pois diante de algumas pessoas pode ser que ele tenha dificuldades em se impor, e você precise ajudá-lo. Mas atenção: isso não significa fazer pelo outro, não quer dizer que ele vai lidar com a sua família sozinho, ou você vai lidar sozinha com a família dele. Se for assim, estarão criando outro problema, que é a piora da relação com os sogros e cunhados. Unam-se e ajudem-se.

 

Partindo do princípio que vocês se informaram bastante antes de tomarem decisões sobre a criação dos filhos, terão argumentos sólidos para usar quando alguém os tenta convencer a fazer as coisas de um jeito diferente do que planejaram. Aproveitem para passar essas informações adiante. Se a conversa com os parentes não fluir com facilidade, você pode emprestar um livro, enviar o texto de um blog, um vídeo, enfim, algo que a pessoa possa ler ou assistir e comentar com vocês depois. Pode ser que você consiga convencê-la das suas opiniões e ganhe um(a) aliado(a).

 

Caso isso não aconteça, e a pessoa continue insistindo, é hora de colocar limites claros. Agradeça a boa vontade e o interesse, diga que vocês já tomaram as decisões, e não se explique muito para não dar espaço a mais intromissões.

 

Pra terminar, uma reflexão. Convém lembrar que é muito mais fácil colocar limites quando damos o exemplo. Se você invade o espaço de outros pais com opiniões insistentes, ou desautorizando e desrespeitando decisões que eles tomaram, está abrindo espaço para que façam o mesmo com você. Faça como gostaria que fizessem com você. Com respeito e carinho, todo mundo se entende.

 

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